Nuvens lentas

Poesia para o livro Antologia Poética da União Brasileira de Escritores, São Paulo, outubro de 2018.

Aos nove anos,
deitado no pasto,
vinham-me as dúvidas.
Hipnotizado, olhava as nuvens
lentas a desfilar no céu azul.
Tudo parecia devagar.

Executivo depois,
comia carniça.
Em nada prestava atenção.
Não tinha mais emoção,
apenas estranhezas,
para além da cobiça.

Hoje aposentado, inerte e
sem sorte, aguardo a morte.
Estou novamente deitado.
Caem as folhas no inverno.
Como são velozes as nuvens!
Quando virá a noite?