Da adega onde se encontra recolhido por quarentena voluntária, em meio a tonéis vazios, António Paixão nos envia o seguinte poema…
Oh, Meu Senhor,
venho, em tempos horríveis,
oferecer minha humilde oração,
com todo o fervor e
muita compaixão.
Com o poder de seu amor,
afastai os horrores da peste
de seu humilde povo,
que vive no terror,
do tinhoso dragão.
Por que é, Senhor,
nestes tempos tenebrosos,
desapareceu do coração o calor,
substituído pela frieza do rentismo,
o mais ignóbil terrorismo?
Sobrou apenas uma ilha de piedade.
É na humilde Cuba,
que sobreviveu a solidariedade.
Ali, junto às portas do inferno,
está a esperança para Humanidade.
Da batina negra de Vieira,
e dos púlpitos da decência,
veio a lição de fraternidade,
transformada pelo nobre Comandante,
em bandeira da dignidade.
Explique-me, oh Senhor,
Por que tem o pobre mais a dar?
Por que é o comunista
quem melhor expressa o Humanismo
e também os valores do Cristianismo?